Reportagem de hoje do Diego Amorim, do Correio Braziliense, nos mostra uma realidade perversa que ronda, principalmente, as médias e grandes cidades: a indústria da esmola.
Ele relata que um funcionário público, que trabalha nas imediações da Rodoviária do Plano Piloto, flagrou, em dezembro de 2008, dois "pedintes", que se "fantasiam" no início de seu "expediente", passam algumas horas pedindo, e, no final do "turno de trabalho", limpam-se e trocam de roupa, porque não podem ir para casa "naquele estado, maltrapilho".
É vergonhosa esta situação, e ela impacta diretamente sobre aqueles que realmente necessitam, e acabam sendo atingidos negativamente por oportunistas como estes.
Há algum tempo, recebi um e-mail, que continha uma suposta pesquisa atribuída a um estagiário. Neste e-mail, fazia-se um cálculo básico, e que muito me espantou: se um pedinte ficar "trabalhando" em um sinal de trânsito, que fica 30s aberto e 30s fechado, e se nestes 30s fechados ele conseguir R$ 0,10 (isto mesmo: dez centavos de real!), ao final de uma hora ele terá acumulado R$ 6,00 (isto mesmo: 6 reais por hora!!! Quem recebe salário mínimo, e trabalha 44 horas por semana, recebe, por hora, R$ 2,64, sem contarmos o Descanso Semanal Remunerado. Se este entrar no cálculo, este valor cai mais ainda!).
Continuando os cálculos da "indústria da mendicância": se o "trabalhador" desempenhar suas atividades durante 6h, ele acumulará, ao final de um dia de "trabalho", R$ 36,00. Supondo que ele trabalhe 24 dias por mês, ele tem condições de, ao final do período, acumular R$ 864,00. Agora, se levarmos em consideração que ele não recebe somente R$ 0,10, existindo pessoas mais sensibilizadas com sua "situação", que dão R$ 1,00, R$ 2,00, chegando até o absurdo de R$ 5,00, R$ 10,00, quanto este "trabalhador" não recebe de "salário" por mês, efetivamente???
É por isto que ninguém consegue tirar os pedintes/flanelinhas das ruas. Tem muita gente com curso superior, especializações, mestrados, doutorados que não está conseguindo uma remuneração como esta. Dia destes, na TV, passou uma entrevista com um flanelinha - que possui pessoas que "trabalham" para ele, e que é o "dono" de um trecho no Setor Comercial Sul. Ao ser questionado se não seria melhor ele conseguir um emprego fixo e regulamentado, respondeu, em um tom irõnico, perguntando como ele conseguiria dar roupas de grifes famosas para seus filhos??? Peraí! Eu não ganho mal, possuo nível superior, especializações, etc, e não tenho condições de ficar usando roupas de grife!!!
Já estou procurando um ponto para me estabelecer em algum lugar de Brasília...
Senso+Crítico
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