"Tem boi na linha...". Esta é uma expressão usada há muito tempo, para indicar que algo está gerando transtorno, desconforto para a execução de uma tarefa, de uma ação.
Na Cidade do Rio de Janeiro, as administrações dos dois aeroportos mais importantes do município são da Infraero - estatal federal responsável pela administração dos mais estratégicos aeroportos do País.
Há 4 ou 5 anos, o Santos Dumont foi 'esvaziado', para a realização de obras estruturais (repavimentação de suas pistas, construção dos fingers, dentre outras), e a maior parte de seus voos foram transferidos para o Galeão. Com esta transferência (a princípio, temporária) restaram, praticamente, a Ponte Aérea RJ-SP, e alguns outros poucos voos, além da aviação executiva.
Obra concluída, o processo natural seria a reversão dos voos transferidos para o Galeão, já que o Santos Dumont é mais centralizado e estratégico, deixando as conexões e os voos internacionais para o Tom Jobim.
De repente, de uma hora para outra, o governador e o prefeito do Rio resolveram entrar em uma briga contra a Infraero, interferindo na gestão desta em relação às operações do Santos Dumont e do Galeão, de sua única e exclusiva responsabilidade. As argumentações utilizadas, principalmente por Sérgio Cabral, são, no mínimo, sem fundamento (para não ser mais contundente): a primeira é que a transferência de voos para o Santos Dumont 'esvaziaria' o Tom Jobim, e, consequentemente, atrapalharia o processo de sua privatização (o que os governos locais têm que ver com este processo de privatização federal? A não ser que lhes tenha sido prometida alguma contrapartida, proporcional ao valor da transação! Estranho, não?!); depois, que a transferência dos voos de um para outro, em um processo natural, atrapalharia a realização da Copa do Mundo em 2014, e da candidatura do Brasil a sede das Olimpíadas de 2016.
Acho que o Brasil tem muito mais com que se preocupar do que em sediar Copa do Mundo e Olimpíadas. Quanta miséria, quanto analfabetismo, quantas diferenças sociais não existem espalhadas por este nosso mundo de nosso País, necessitando de ações mais urgentes e mais enérgicas?
Além disto, por que não se pergunta ao governador Sérgio Cabral como fica a questão da segurança para quem desembarca no Galeão, e segue ou para o Centro da Cidade, ou para a Zona Sul (principal foco turístico do município), passando, literalmente, por dentro de favelas que fornecem altíssimo risco a quem por ali transita (só quem já fez este trajeto pode ser capaz de entender o que estou querendo dizer. A Vila do João fica onde mesmo???).
Então, qual o real interesse de Sérgio Cabral e Eduardo Paes no "não-esvaziamento" do Galeão (se é que este esvaziamento possa ocorrer)??? Muito pior é um aeroporto estratégico e central como o Santos Dumont ficar operando muito aquém de sua capacidade!
Estranho! Muito estranho! Tem boi na linha!
Senso+Crítico
(clique aqui para ler matéria a respeito)
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